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Fluminense Football Club

Tetracampo Brasileiro
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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Hoje é dia de Drummond, bebê.

A Máquina do Mundo
 
E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco
 
se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera

e nem desejaria recobrá-los,
se em vão e para sempre repetimos
os mesmos sem roteiro tristes périplos,

convidando-os a todos, em coorte,
a se aplicarem sobre o pasto inédito
da natureza mítica das coisas,

assim me disse, embora voz alguma
ou sopro ou eco ou simples percussão
atestasse que alguém, sobre a montanha,

a outro alguém, noturno e miserável,
em colóquio se estava dirigindo:
"O que procuraste em ti ou fora de

teu ser restrito e nunca se mostrou,
mesmo afetando dar-se ou se rendendo,
e a cada instante mais se retraindo,

olha, repara, ausculta: essa riqueza
sobrante a toda pérola, essa ciência
sublime e formidável, mas hermética,

essa total explicação da vida,
esse nexo primeiro e singular,
que nem concebes mais, pois tão esquivo

se revelou ante a pesquisa ardente
em que te consumiste... vê, contempla,
abre teu peito para agasalhá-lo.”

As mais soberbas pontes e edifícios,
o que nas oficinas se elabora,
o que pensado foi e logo atinge

distância superior ao pensamento,
os recursos da terra dominados,
e as paixões e os impulsos e os tormentos

e tudo que define o ser terrestre
ou se prolonga até nos animais
e chega às plantas para se embeber

no sono rancoroso dos minérios,
dá volta ao mundo e torna a se engolfar,
na estranha ordem geométrica de tudo,

e o absurdo original e seus enigmas,
suas verdades altas mais que todos
monumentos erguidos à verdade:

e a memória dos deuses, e o solene
sentimento de morte, que floresce
no caule da existência mais gloriosa,

tudo se apresentou nesse relance
e me chamou para seu reino augusto,
afinal submetido à vista humana.

Mas, como eu relutasse em responder
a tal apelo assim maravilhoso,
pois a fé se abrandara, e mesmo o anseio,

a esperança mais mínima — esse anelo
de ver desvanecida a treva espessa
que entre os raios do sol inda se filtra;

como defuntas crenças convocadas
presto e fremente não se produzissem
a de novo tingir a neutra face

que vou pelos caminhos demonstrando,
e como se outro ser, não mais aquele
habitante de mim há tantos anos,

passasse a comandar minha vontade
que, já de si volúvel, se cerrava
semelhante a essas flores reticentes

em si mesmas abertas e fechadas;
como se um dom tardio já não fora
apetecível, antes despiciendo,

baixei os olhos, incurioso, lasso,
desdenhando colher a coisa oferta
que se abria gratuita a meu engenho.

A treva mais estrita já pousara
sobre a estrada de Minas, pedregosa,
e a máquina do mundo, repelida,

se foi miudamente recompondo,
enquanto eu, avaliando o que perdera,
seguia vagaroso, de mãos pensas.




P.S. Este poema foi escolhido como o melhor poema brasileiro de todos os tempos por um grupo significativo de escritores e críticos, a pedido do caderno “MAIS” (edição de 02-01-2000), da “Folha de São Paulo”. Publicado originalmente no livro “Claro Enigma”, o texto acima foi extraído do livro “Nova Reunião” (Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1985, p. 300).

Tudo que um diagnóstico de câncer não é, é capital político.

Ontem eu compartilhei uma imagem no Facebook. A mensagem era justa, me dizia respeito diretamente e nem havia o que refletir sobre suas implicações, é tão óbvio. Como encarar o câncer de outra forma? 

 


O problema é que para algumas pessoas a notícia de que o ex-presidente Lula foi diagnosticado com câncer de laringe virou espaço de debate político. O tratamento quimio e radioterápico, que começa hoje, tornou-se um dos focos da insensata politização do diagnóstico do ex-presidente: afinal, para muitos, Lula não deveria se tratar no SUS e não no burguês Hospital Sírio-Libanês?

O curioso é que o vice de Lula, José Alencar, quando na sua luta contra o câncer, não sofreu as mesmas pressões; nem a presidente Dilma Roussef, quando enfrentou um câncer linfático. Não há mesma cobrança quando outros políticos adoecem.

Não esperava que a descoberta do câncer de laringe de Lula fizesse da classe política brasileira — a maioria dela! — mais honesta e digna. Esperava, talvez, que se fizesse solidária. Não que situação e oposição duelassem no intuito de transformar o momento, a quimioterapia, a fragilidade de sua família em capital político.

Os bons e maus momentos do ex-presidente passam longe do Hospital Sírio-Libanês. A arena para o debate político é outra. Não é hora, momento ou motivo para a oposição atacar; não é hora, momento ou motivo para os aliados se inflamarem. Ambos padeceram de bom-senso  e inteligência. E a opinião pública não pode embarcar na ideia de que Lula deveria se tratar no SUS. Afinal, se ele estivesse sob tratamento no INCA ou no Hospital dos Servidores do Estado e no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (como o meu pai), não seria demagogia?

A exposição de sua doença era inevitável. Lula é mito, ponto. Do tipo que Max Weber teria utilizado uma fotografia para ilustrar o conceito de Dominação Carismática, inclusive na sua capacidade de fazer seu sucessor (no caso, sua sucessora). E nada no diagnóstico e no tratamento pode mudar essa situação. 

Eu, cujo interesse por política, ainda criança, se confude com a trajetória do PT e de Lula em busca da Presidência da República, não me solidarizo com o ex-presidente. Meus descontentamentos com o governo e o partido começaram ainda em seu primeiro mandato — na construção das alianças, nas nomeações e no enfrentamento das denúncias de corrupção —, e o Lula da minha infância não pôde ser o mesmo homem que ocupou-se do poder. Minhas críticas e lembranças não aumentam ou diminuem minha solidariedade.

Sou solidária ao ser humano que recebeu o diagnóstico de câncer, independente de ser ex-Chefe de Estado e Governo, ator, gênio da informática, bombeiro ou frentista. Conheço, na pele, as dinâmicas pelas quais passaram, passam e (infelizmente) passarão essas e muitas outras famílias. Mas tudo fica ainda pior quando um câncer é usado como capital político é tudo o que ele não é.

domingo, 30 de outubro de 2011

O fantástico mundo de mim mesma - parte 2: "A Lista de Aniversário"

Hora de retomar as boas tradições!

O dia mais importante do ano está quase aí!

Se eu acreditasse, diria, inclusive, não deu muita sorte não fazer lista de presentes em 2010...


Como não há mal que dure para sempre, resolvi fazer a minha parte ainda que simbolicamente. 

Então, tudo que eu desejo, materialmente, para ser feliz no meu aniversário está aí:




A lista esse ano já sai desfalcada, mas ainda dá para quem me a-do-ra fazer a sua parte! hahahahhaha

beijos, abraços e apertos de mão em contagem regressiva,
Babi

Fora de órbita

OUTUBRO.

Segue para o fim o décimo mês de 2011...

Infelizmente tem sido difícil atualizar o blog com a frequência de antes e no ritmo que eu gostaria, mas a vida tem sido intensa — para o bem, para o mal. Então, vou tentar fazer um balanço dos últimos 15 dias.

O mais importante é que meu pai está bem, em casa, melhorando a cada dia. Ainda que não tenha nenhuma notícia muito boa, a falta de qualquer notícia ruim já é excelente!
Mas, inevitavelmente, o ânimo anda baixo... Na tentativa de compensar um pouco, fiz um Dia da Babi. Fui ao shopping ver umas vitrines eu sei, não gosto, mas até que foi bom. Comprei umas roupas novas e uns sapatos lin-dos, a velha terapia do cartão de crédito! *risos* Com isso a lista de aniversário já está seriamente desfalcada com um mês de antecedência. E finalizei comendo petit gateau — porque brownie, só acompanhada! :)

Desperdicei meu pobre dinheiro com duas melecas cinematográficas: "Os três mosqueteiros - 3D" e "Família vende tudo". O segundo acabou decepcionando mais, porque acreditei no trailer e esperava um filme divertido — não é. Quanto aos mosqueteiros... muita ação e um roteiro sem-pé-nem-cabeça! Tô começando a cansar dessas porcarias em terceira dimensão...

Em compensação, de graça (ou pelo $ da Sky, como queira), assisti finalmente a "Toy Story 3". Sim, aquilo é cinema! Que fechamento delicado e divertido para uma trilogia (?) tão fofa!

E já recebi o convite para o casamento de Edward Cullen e Bella Swan, isto é, ingresso devidamente comprado para a sessão de estreia de "Amanhecer", à meia-noite de 18 de novembro. Daí que, como de hábito, comecei a reler o livro. E brochei. Sério. Veio um insight que me faltou na primeira leitura: se Edward não teve lágrimas para se emocionar na cerimônia de casamento (bem como nunca comeu, bebeu, suou...), como teve esperma para engravidar a Bella?!

A solução da autora é exatamente daqueles blá-blá-blás que me tiram do sério. Ou seria apenas meu lado intelectual em conflito com meu gosto duvidoso? OMG!*risos* Ainda não sei, mas vou lá conferir o final da "Saga Crepúsculo".

Mas, falando de coisas sérias: Muamar Kadafi e Orlando Silva caíram. Bom, na verdade, o sexto ministro a cair na gestão Dilma só poderá ser considerado coisa séria se as denúncias forem efetivamente apuradas e os culpados punidos. Sem contar que, com Aldo Rebelo como substituto, o PCdoB se mantém no poder — claramente mais preocupado em não perder espaço em Brasília do que com as boas intenções que vem defendendo em seus programas de tv...

Tampouco será menor a farra com o dinheiro público para a Copa de 14 e os jogos olímpicos de 16.

Já o fim da ditadura e do próprio Gadafi (seja lá como é que se escreve!), sim, é política séria. Minha tese sobre a Primavera Árabe torna-se a cada dia mais lógica: as revoltas populares foram muito mais eficazes que décadas de pressão da comunidade internacional e a política externa dos Estados Unidos. O que também é comprovado pelas primeiras eleições livres da Tunísia, há uma semana.

Se os desdobramentos da Primavera ainda são insondáveis,  fato é que as revoluções já são História.

Menos impactante a longo prazo, certamente, outra morte que gerou grande comoção foi a de Steve Jobs. Fã do pomar que sou e imersa numa luta contra o câncer, fiquei comovida. Talvez não compartilhe os mesmos sentimentos dos macmaniacs ao redor do mundo, mas a perda de alguém tão talentoso (ainda mais para essa doença) é sempre triste.

Já o meu Tricolor, é o de sempre: imprevisível. Quando pensava que ele ia ganhar (Atlético-MG), lá foi ele perder de novo (0 x 2)... mantendo-se agarrado à 5ª colocação no BR11. Esteve ali desde que perdeu para o Flamengo (3 x 2) e venceu Coritiba e Palmeiras (3 a 1 e 2 a 1, respectivamente). Só avançou uma casinha no tabuleiro do Brasileirão ao vencer o Ceará (1 x 2) e receber uma ajudinha do Grêmio (4 x 2 contra o Flamengo) hoje! 

Só uma coisa é sempre a mesma com esse time: a defesa dos pôneis guerreiros que não fica uma partida sem levar gol! 

Comecei a cantarolar o hino do Flu, agora, e acabei de me dar conta não tenho ouvido música — não tem dado tempo! Nem o CD novo de Lenine, querido,"CHÃO"... oh, vida. Mas acabei de ler "A guerra dos Tronos", livro um da extensa série "As Crônicas de Gelo e Fogo", de George R. R. Martin (publicado, pasmem os senhores!, em 1996). E amei! Estou ansiosa pelo livro dois (pergunto a todo mundo o que acontece) e tentando acompanhar a série na tv.

O doutorado vai indo bem. A cada dia o tema da tese e o IFCS me animam mais... embora uns e outros me incomodem, é verdade. Imagina o que vai ser quando eu tiver tempo, menos preocupações... e conseguir encontrar meu (des)orientador?!*risos* Ai, ai...

Em resumo: sigo enrolada como de costume!

Se não posso controlar a ampulheta, o fim de Outubro também significa que o dia mais importante do ano está chegando!!

um beijo, um abraço ou aperto de mão,
Babi

sábado, 15 de outubro de 2011

Apesar de tudo, sempre haverá o que comemorar

15 de outubro: 
Dia do Professor. 

"Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos privados de tudo, precisamos de assistência; nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos quando nascemos, e de que precisamos quando crescidos, nos é dado pela educação".


JEAN-JACQUES ROUSSEAU 


Emílio ou a educação (1762)















 










































Que a vida me permita nunca esquecer, no exercício da profissão que escolhi, de como eu sou quando estou aluna e o que espero dos meus professores e professoras.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Etapas

Os cabelos caíram, a aparência está mais frágil e o corpo mais magro... Mas meu pai está de novo em casa. Os médicos afirmam que autotransplante de células tronco-periféricas (TCTP) foi um sucesso. O coração se enche de esperança para mais uma etapa, que, se não for menos fácil que as anteriores, alenta pelo simples fato de estarmos avançando.
Os caminhos podem ser inesperados e tortuosos, mas não se pode fugir da caminhada.

um beijo, um abraço ou aperto de mão, 
Babi

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Em falta

"Deus de vez em quando me castiga. Me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra."

Adélia Prado




segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Vilões e Mocinhos *

A alegria de ter um time de futebol de coração é impressionante. Se esse time de coração é o Fluminense Football Club, retumbante de glórias, torcer por ele é pura magia. 

Claro que magia não é sinônimo de perfeição. Nem o Flu de 2010, o campeão tão saudoso em grande parte desse ano, era perfeito. A mágica tricolor é o imprevisível, o ilimitado, o inexplicável. É se superar nas situações mais adversas, ganhar quando a derrota já parece certa. Mas também, óbvio, é dar margens a desempenhos pífios quando se esperava show, deixar vitórias deliciosas escaparem por entre os dedos... sofrer apagões de deixar a todos boquiabertos. 

Assim, para o bem ou para o mal, com os Guerreiros só o fim é o limite.

No segundo turno do BR-11, o Flu vem se reabilitando. Os vilões de ontem, como Márcio Rosário, Deco e Marquinho, são os heróis de agora. Futebol é assim, dizem os especialistas que é coisa de momento. 

As oscilações parecem ser coisa do passado. A última derrota foi um vergonhoso 3 x 0 para o Bahia, num dia de atuação inexplicável. 

Depois, o Flu venceu o Avaí por 3 x 1, tomando aquele golzinho maroto que só nossa zaga  nos proporciona. E suou para empatar - o segundo empate no campeonato - com o Atlético-PR lá na Arena da Baixada, quando Fred marcou seu 199º gol, de pênalti. 

E foi magistralmente guerreiro ao vencer o ex-técnico Muricy Ramalho e Neymar e cia. hoje. No gramado desastroso de Volta Redonda e diante de uma torcida apaixonada, Fluminense 3 x 2 Santos, com cabeceio perfeito de - pasmem os senhores! - Márcio Rosário, no último minuto dos acréscimos!

Crédito: Felipe Feijão. Disponível em: http://migre.me/5Pvzq
O Flu está na briga pelo título? Claro que está. Mas ainda sou da tese de que é melhor deixar quieto: quanto menos os outros prestarem a atenção e quanto menos alarde fizerem, mais longe vai o Time de Guerreiros.

Que venha o Flamengo!


Rumo a Libertadores e ao Tetra,
Babi

P.S. Mais uma vez o futebol e o Flu me distraem das tragédias cotidianas.

*Atualizações em dias de hospital. Escrito em: 03.10.2011.