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Fluminense Football Club

Tetracampo Brasileiro
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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Olha o Ano Novo aí, gente!

2010 foi caótico. Então, que venha 2011. Por favor!



P.S. A relevância é discutível para muitos - como quase tudo na vida -, mas gosto das crônicas da Martha Medeiros. A propósito do Réveillon, posto uma delas, publicada no jornal O Globo [Revista O Globo, 26.12.2010, p.22].


Deixe-se em paz

Geralmente é o que se deseja intimamente: paz para o mundo, paz para todos, paz para os torcedores, paz para os moribundos, paz para os iraquianos. É um desejo legítimo, mas qual a nossa contribuição prática para ajudar a construir uma serenidade universal? O máximo que podemos fazer é garantir nossa própria paz.
Portanto, esses são os meus votos: deixe-se em paz.


Parece uma frase grosseira, mas é apenas um desejo sincero e generoso. Deixe-se em paz. Não se cobre por não ter realizado tudo o que pretendia, não se culpe por ter falhado em alguns momentos, não se torture por ter sido contraditório, não se puna por não ter sido perfeito. Você fez o melhor que podia.


Aproveite para estabelecer metas mais prosaicas para o futuro que virá, ou até meta nenhuma. Que mania a gente tem de fazer listinha de resoluções, prometer mundos e fundos como se uma simples virada de ano bastasse para nos transformar numa pessoa mais completa e competente. Você será o que sempre foi — e isso já é muito bom, pois presumo que você não seja nenhum contraventor, apenas não consegue dar conta de todos os seus bons propósitos, quem consegue? Às vezes não dá. Vá no seu ritmo, siga sendo quem é, não espere entrar numa cabine e sair de lá vestido de superhomem ou de super-mulher. Deixe de fantasias.
Deixe-se em paz.


Se quer tomar alguma resolução, resolva ajudar os outros, fazer o bem, dedicar-se à coletividade, seja mais solidário. Não deixe os menos favorecidos na paz do abandono, na paz do esquecimento. Mas esquecer um pouco de você mesmo, pode. Deve. Não se enquadre em comportamentos que não lhe caracterizam, não se enjaule por causa de decisões das quais já se arrependeu, não se arrebente por causa de questionamentos incessantes.


Liberte-se desses pensamentos todos, dessa busca sofrida por adequação e ao mesmo tempo por liberdade. Nossa, ser uma pessoa adequada e livre ao mesmo tempo é uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Será mesmo tão necessário pensar nisso agora? Deixe-se em paz.


Não dê tanta importância à melhor roupa para vestir, à melhor frase para o primeiro encontro, às calorias que deve queimar, à melhor resposta para quem lhe ofendeu, às perguntas que precisa fazer para se autoconhecer.


Chega de se autoconhecer. Deixe-se em paz.


No fundo, estou escrevendo para mim mesma.


Não me deixo em paz. Estou sempre avaliando se agi certo ou errado, cultivo minhas dúvidas com adubo e custo a me perdoar. Tenho passe livre para o céu e também para o inferno. Preciso me deixar em paz, me largar de mão, me alforriar.


Só falta alguém ensinar como é que se faz isso.

Amor, Boa Forma, Dinheiro, Diversão, Emprego, Felicidade, Harmonia, Namoro, Paz, Respeito, Sucesso, Saúde, Sorte, Sabedoria, União, Vitórias!

beijo, abraço ou aperto de mão,
Babi

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Ah, Certeza.

CERTEZAS

Mario Quintana (1906-1994)

Não quero alguém que morra de amor por mim.

Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade. Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim.

Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível. E que esse momento será inesquecível.

Só quero que meu sentimento seja valorizado. Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre. E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém... e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho.

Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento e não brinque com ele.

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe.

Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz. Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.

Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas... Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros. Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena.


beijo, abraço ou aperto de mão,
Babi

domingo, 26 de dezembro de 2010

Seria cômico se não fosse trágico!



O WikiLeaks é a bola da vez!

Talvez só no Rio de Janeiro tenha ficado em segundo plano, e a "vitória" das "forças de segurança" nas comunidades (sic) do Alemão e da Penha teve mais destaque.

Uma organização de mídia não governamental detona com uma das bases das relações internacionais: a Diplomacia. Segredos simples, alguns sem graça mesmo, tornaram-se chocantes pelo simples fato de terem sido revelados. Não é para ninguém saber se alguém acha que a Sra. K, presidente da Argentina, é maluca!

O site sempre denunciou abusos dos Estados Unidos nas suas guerras contra o terrorismo no Afeganistão e no Iraque, as vezes divulgou os demandos apenas imaginados em Guantanamo. Julian Assange, seu fundador, sempre foi um porta-voz eloquente e divulgador carismático - a imagem de surfistão pega bem. Não aparecia todos os dias, mas sempre que vinha a público trazia um furo.

Mas a partir do dia 28.11.2010, site e fundador, em nome da liberdade de expressão (que você também pode achar que é puro oportunismo, sem problemas), cairam nas mãos dos algozes sedentos. Foram publicados cerca de 250 mil telegramas secretos dos serviços diplomáticos estadunidenses ao redor do mundo. Daí para frente, ladeira abaixo! 

O site foi tirado do ar (ah, o link lá em cima é meramente formal *risos*) e Assange entrou na lista de procurados da Interpol. Na verdade, a Suécia tinha expedido, uns dez dias antes da publicação das correspondências, um mandado de prisão internacional por abuso sexual. Ou seja, juntou a fome com a vontade de comer!
 
Quando Assange se entrega a Polícia na Grã-Bretanha, sem direito a fiança, os apoiadores do WikiLeaks foram pressionados: estão impedidos de fazer doações. Em resposta, hakers-apoiadores atacam sites da Mastercard ou do banco suíço PostFinance, por exemplo.

A batalha será longa, a guerra confusa demais para ser acompanhada pelos meros mortais nos meios de comunicação. Nem se iluda. O WikiLeaks e Assange fazem bem à transparência, à liberdade de expressão e à opinião pública. Mas eles são, por isso mesmo, inimigos declarados dos Estados.

Não se tratam de informações cruciais reveladas, mas a instituição internacional Diplomacia só existe de mãos dadas com o Secreto. Se alguém já teve a oportunidade de ler documentos de missões diplomáticas, eles transitam entre o putz... e o putz! (o escroto e o foda, depende da entonação). É sério. 

Durtante quase um ano eu fiz pesquisas no Instituto Histórico do Palácio do Itamarati, no Rio de Janeiro, lidando com as correspondências (exclusivamente telegramas) das missões diplomáticas brasileiras em Berlim, Roma e Tóquio entre 1937 e o mais próximo de 1945. É claro que havia informações relevantes sobre a postura do Brasil no decorrer da Segunda Guerra Mundial; o trânsito do governo Vargas entre Estados Unidos e Alemanha; as impressões de diplomatas que forjaram muitas decisões políticas; comentários nocivos sobre esse ou aquele político estrangeiro da época; investigações sobre pessoas e famílias consideradas subversivas. No mais, havia notas sobre festas, compra de materiais, falta de insumos de papelaria, quebra de equipamentos, emissão de pagamentos...

Bizarros ou fundamentais, esses documentos, se revalados àquela época, teriam sido explosivos. Talvez ainda mais que a pendenga que vemos em tempos de WikiLeaks, pois a guerra era declarada.

A missão diplomática é "um pedaço" do país no exterior, e como tal o que é dito deveria ficar apenas entre os que são de casa.  Nem sempre é nitroglicerina pura, mas há, naturalmente, tão pouca transparência nas relações diplomáticas que qualquer coisinha pode destruir o tênue equilíbrio Amigo-Inimigo. Sem falar que o romantismo da Espionagem torna-se inexistente!
Mas vale dizer que até o fim do post descobri que o WikiLeaks ainda funciona: http://wikileaks.ch/Vejamos por quanto tempo...


beijo, abraço ou aperto de mão,
Babi

sábado, 25 de dezembro de 2010

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Tout Puissant


Não achei que houvesse coisa capaz de me distrair hoje. Mas aí, a bola começou a rolar em Abu Dhabi, no Campeonato Mundial de Clubes da FIFA, e eu parei para ver. Sport Club Internacional, em busca do segundo título mundial, versus Todo Poderoso Mazembe, clube congolês, bicampeão da Liga dos Campeões da África.

Natural era que eu torcesse para o Internacional, e assim comecei o jogo, dando uma "forcinha" para a galera de vermelho. Só que a transmissão do SporTV começou a filmar as arquibancadas. A torcida africana (dizem que como sempre) estava maravilhosa, empolgada. 

Enfim, me rendi à torcida do TP Mazembe. Não sei se faço alguma diferença - afinal, não sou gremista -, mas o jacaré, tal qual a flâmula do time africano, comeu a bola. O Inter perdeu por dois a zero. Todos na tv disseram que eu assisti a maior zebra da história.


O cara que gira a roda da bicicleta na testa. Parte do espetáculo.


Por isso eu gosto de futebol: nem sempre o melhor, ou considerado tal, ganha.

Pedi para o meu pai acompanhar o jogo no hospital. Agora vou ligar para ver se ele curtiu.
beijo, abraço ou aperto de mão,
Babi

será que só eu acho isso estranho?

Estou meio sem paciência para telejornais. Talvez seja apenas uma fase; talvez seja o excesso de parcialidade e falta de assunto.

Mas as reportagens sobre os problemas no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil chamaram a minha atenção. O altíssimo índice de reprovação - perto dos 90% dos participantes - me fizeram pensar duas coisas:

1) Por que alunos recém-saídos das Universidades precisam se matar de estudar em cursinhos para passar nos Exames da Ordem? Os quatro anos de curso superior não deveriam ser suficientes?
2) Ao contrário do que deveriam, como Exames de tamanha exigência podem oferecer a sociedade profissionais que prestam serviços ruins e/ou incompatíveis com as funções que deveriam exercer? Vide o ex-advogado do goleiro Bruno ou os defensores de traficantes cariocas.

Acho que há algo mais grave nessa estória que o imenso índice de reprovação ou divulgação equivocada de gabaritos. O que deveria estar em discussão é a qualidade do ensino nas faculdades de Direito do país e dos profissionais reconhecidos pela OAB.



um beijo, abraço ou aperto de mão,
Babi

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Murphy quer me sacanear.

Meu pai está com câncer de medula.

Eu nem sei o que dizer. Sei que há certas coisas na vida que não se pode evitar, temos que passar por elas. Todos nós. A única coisa que eu queria é que ele não sofresse.

Dessa vez me tocou

Ando numa fase difícil de pensar noutra coisa: "... o Fluminense me domina, eu tenho amor ao Tricolor". Parece samba de uma nota só. Mas, sabe como é, foram anos de sofrimento e espera - ficamos todos assim, meio bobos. Aí, nessas em que tudo me remete ao Nense, dou de cara com a coluna do Pedro Bial no jornal O GLOBO ["Carta ao Pai", Esportes, 08.12.2010, p.3].

Eu não sou uma grande fã do Bial, confesso. Acho que ele tem uma grandiloquência supervalorizada, é verborrágico... não que não seja um jornalista competente. (E quem sou eu para julgar?!) Mas alguns discursos de paredão de BBB e crônicas não me arrebatam, simplesmente.

Enfim, na tal coluna do jornal ele conseguiu me emocionar. Tocou em alguns pontos nevrálgicos, creio eu, aos tricolores todos; foi muito feliz ao reconhecer que nosso elitismo não é socioeconômico. Pessoalmente, o texto me emocionou com "a pegada" familiar.

Poucas coisas no mundo são bonitas para mim que famílias de torcedores em estádios de futebol. E digo mais: famílias em que todos torcem para o mesmo time. Ei, as mistas também são, é melhor deixar claro! Quem sou para disseminar a eugenia... cruzes.

Infelizmente, não descendo de uma Dinastia Tricolor, apenas meu (tio-) avô torce pelo Flu. Vivo cercada por muitos Flamenguistas, inclusive meu pai - mas esse curte mais F1 que qualquer outro esporte -, e alguns Botafoguenses. Na verdade, acho até que eu sou mais interessada em futebol que todos eles.*risos*

De qualquer forma, taí um sonho bonito: uma Dinastia Tricolor. Compartilhar em família as a emoção dos títulos, a euforia dos gols, as incertezas dos maus momentos e as angústias das derrotas. Sacralizar os momentos diante da tv vendo a bola rolar e dar a ida aos estádios ares de solenidades íntimas. 

Compartilho o texto do Pedro Bial. É tocante.

Pedro Bial

Carta ao Pai

Publicada em 08/12/2010 às 07h52m


Somou-se agonia à aflição, meu pai, quando não te vi no estádio. Nos grandes momentos do Fluminense, você nunca falta, faz-se sempre presente, sempre ao lado de Nelson, ectoplasmas bonachões, ora atrás do gol, ora na tribuna da imprensa, ora sentados nas marquises, com as pernas balançando relaxadas sobre o abismo - os mortos não correm risco de vida. Mas, naquele Engenhão iluminado, incendiado pelo grená, verde e branco, naquela festa como só a melhor torcida do mundo sabe fazer, procurei em todo canto, não te encontrei. E olha que o único caminho fácil até o Engenhão é descer pela escadaria de nuvens. O jogo começou, e não tinha encontrado você. Me senti mais órfão do que sempre.
E foi o que nunca se viu: a torcida parecia mais calma e paciente do que o time. Nossos guerreiros moviam-se como nervos crispados pelo gramado, o Guarani se agigantava, parecia um Barcelona moral, movido pela mais poderosa das "malas brancas", a dignidade. O Fluminense, fidalgo, honrado, todas as garras afiadas, toda a garra, a determinação, a organização admirável que tem nome: Muricy Ramalho. Nem assim. Não saía o gol, e mais, o gol se recusava a sair. Depois, entendi: tínhamos tornado a ocasião solene demais, o gol tornara-se totem, quase tabu. Futebol só é solene até o apito inicial, depois mesmo decisão de Copa do Mundo tem de ser jogada com a alegria e a irreverência que se bate uma pelada. O Fluminense, no primeiro tempo, tornara-se prisioneiro da solenidade da ocasião.
E me faltava você, pai. Muricy ocupava a posição de figura paterna para todos os tricolores, com sobras de mérito e dom. Extraordinário ser humano, de inteligência refinada e aplicada, este ano deu aula de futebol e ética ao Brasil. Não sei se Telê te contou o que aprontou com seu mais dileto discípulo na véspera da decisão. Apareceu em sonho, "sorridente e vivinho", para a benção definitiva e consagradora. Benção que ficou adormecida no inconsciente de Muricy até o fim da tremenda peleja, quando ao mirar um torcedor fantasiado de papa, lembrou: "Sonhei com Telê!". Vocês devem estar dando risada até agora, entre goles de néctar e tascos de ambrosia...
Mas me faltava você, pai. Como acontece no futebol, quando o resultado não nos agrada, o tempo voava e eu não conseguia localizar você. Ai, ai, ai, gemiam minhas tripas, porém minha boca não emitia som. Mudo, via a beleza da luta entre o desespero e a esperança.
Na arrancada final para o título, Ricardo Berna encarnou Félix, o "Papel"; Mariano despontou para o futuro do futebol brasileiro; os olhos tristes de Gum fabricaram alegria; Leandro Euzébio fez em um ano a transição entre o anonimato e a glória; Carlinhos, bom, de Carlinhos falo depois...
Na sua ausência, pai, fiquei imaginando que jogadores te agradariam e com quais implicaria. Sim, pois você sempre teve aqueles que amava odiar. Neste time, certamente você entraria em rota de colisão com seus netos e maldiria Diguinho, que os garotos adoram pelo estilo malandro. Você teria queimado a língua na partida final, depois de criticar à exaustão Valencia e vê-lo ser o melhor da equipe no primeiro tempo.
Claro que amaríamos juntos o melhor jogador do Brasil, Conca, Conquita, amigo de seu neto Theo. Se o nome de batismo do título de 2010 é Muricy, o sobrenome é Conca. Quanto mais alto voa, mais humilde se curva e agradece. Só os grandes, os maiores, fazem isso. Isso não se ensina, nasce-se assim.
Júlio César, o operário em construção, estourou de tanta tensão - tinha que ser desse jeito, para que Washington entrasse e escrevesse uma palavra crucial na história da conquista.
Pois, a esta altura, sem enxergar você e Nelson, já tinha certeza: nada estava escrito. Cada letra da História se desenhava no minuto urgente, rabiscada no ar, riscada na grama, aos garranchos; os profetas não ousavam sussurrar.
Só a torcida parecia vislumbrar o futuro, clarividente de paixão, sem esmorecer ou duvidar um só segundo. Entre tantas glórias, orgulhos, vergonhas e sacrifícios, o que faz o Fluminense ser único, ímpar, diferente de todos, é sua torcida. Charmosa, elegante, rica de caráter e repleta de favelados e desdentados. Ao envergar o uniforme tricolor, tornamo-nos todos aristocratas, na segunda acepção do termo: "aquele que tem atitudes nobres, distintas". Sim, somos elite, "o que há mais de mais valorizado e de melhor qualidade", os eleitos! Porém, nem todos os verbetes de dicionários poderiam explicar o que tomou conta dos quarenta mil tricolores, contando só os vivos, presentes ao Engenhão, no domingo, 5 de dezembro de 2010. Quando a partida engastalhou, a massa tricolor desfez o nó.
Aproximava-se o intervalo, eu olhava minha filha biológica mais velha, espiava meu caçula, um de cada lado - o filho adolescente estava na arquibancada com os amigos - e continuava a procurar você, pai. E nada. Pensava que você seria um apaixonado pelo brilhante Emerson, como eu, e que entenderia a autoridade de Fred, a necessidade de sua presença em campo, como um condão motivador que faz todo o time ganhar confiança e coragem. E, claro, como eu, você teria um xodó todo especial por Fernando Bob, garoto maduro, pronto para o porvir. Sem esquecer de Tartá, outra paixão...
No intervalo, saí do camarote. Vaguei a te procurar, meu pai. Nada.
Será possível? Será que fiquei cego? Será que não vejo mais gente morta? Será que acabou o pacto sobrenatural firmado e selado pelo amor ao tricolor? Será possível?
Você acharia Carlinhos um jogador talvez irresponsável. Pois foi a certa inconsequência que sempre me agradou nele. Joga qualquer jogo como se estivesse batendo uma bolinha no Aterro. Portanto, só poderia começar com ele a jogada. Perdeu a bola, insistiu, recuperou o lance, cruzou. Nesse instante, o tempo parou, para que o improvável acontecesse, mais de uma vez. Washington consegue, num reflexo de rapidez impossível, ou melhor, improvável, desviar a bola, com um roçar de cabeça. Caprichosamente, a pelota ainda esbarra na mão do zagueiro. Com o marcador colado, Emerson emenda de primeira. A bola bate em cima da lesão no tornozelo inchado, furado de agulhas das injeções de analgésicos, passa por baixo das pernas do beque, debaixo das pernas do goleiro. A bola quis entrar, o gol se autodecretou, contrariando todas as probabilidades.
Um de cada lado, minha filha e meu filho me abraçam, aos beijos, e eu desabo em prantos. Só aí, só então, entendo por que não te vi, pai. Porque você estava dentro de mim, eu era você, eram suas lágrimas que caíam de meus olhos, era sua euforia que me prostrava. E, liberto por meu pranto, lá se foi você, meu pai, dar a volta olímpica com Nelson, antes de subir de novo, renovado, depressinha para coroar o Campeão Brasileiro de 2010, com o nome certo.
Está lá, no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa: Flume, flúmen: do latim "massa de água que corre, rio, curso de água; quantidade de lágrimas, de pessoas, etc; abundância, riqueza (de estilo)". Fluminense; "relativo a rio, a curso de água, emprega-se principalmente em relação à cidade do Rio de Janeiro".
Neste 2010 histórico para o Rio de Janeiro, não poderia ter sido outro o campeão, não é, pai?
P.S.: Nosso TRI, sacramentado pela justiça dos deuses, será reconhecido pela justiça dos homens, em janeiro. A fonte é quente. 

P.S. Esse é o festival de Vai-e-Vem mais sem graça do futebol Tricolor. Por mim só viriam os reforços - pq não montar dois times para as três competições de 2011? -, não haveria "barca". E o Time de Guerreiros seria integralmente preservado; seria um Museu Vivo do Futebol, sei lá! 
Acho que me apeguei demais a esses jogadores... a vinda de Souza, Cavalieri e cia. não me empolgam.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Murphy

Edvard Munch, O Grito, 1893

De acordo a boa (sic) Wikipédia, a Lei de Murphy é um adágio popular da cultura ocidental que afirma: "Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará" ou "Se há mais de uma maneira de se executar uma tarefa ou trabalho, e se uma dessas maneiras resultar em catástrofe ou em consequências indesejáveis, certamente essa será a maneira escolhida por alguém para executá-la". Ela é comumente citada (ou abreviada) por "Se algo pode dar errado, dará" ou ainda "Se algo pode dar errado, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo a causar o maior estrago possível".
É oriunda do resultado de um teste de tolerância à gravidade por seres humanos, feito pelo engenheiro aeroespacial norte-americano Edward A. Murphy. Ele deveria apresentar os resultados do teste; contudo, os sensores que deveriam registrá-lo falharam exatamente na hora. Frustrado, Murphy disse "Se este cara tem algum modo de cometer um erro, ele o fará" — em referência ao assistente que havia instalado os sensores. Daí, foi desenvolvida a assertiva: "Se existe mais de uma maneira de uma tarefa ser executada e alguma dessas maneiras resultar num desastre, certamente será a maneira escolhida por alguém para executá-la".  

A palavra errado ganhou novo significado em 2010.

Depois de tantos desgastes e desventuras - para ficar só com os começados com "des" -, perdi o casamento do meu irmão Elson e meu pai está bastante doente. As duas coisas não são equivalentes, ainda não sou tão maluca!

Só que perder o casamento do Elson e da Nívea me deixou ainda mais arrasada do que já estou. Apenas posso torcer, do fundo do meu coração, para que a família que eles iniciaram na última sexta-feira, 10.12.10, seja feliz, harmoniosa e próspera.

Aqui em casa vamos tentando simplesmente não pensar no pior. Após a biópsia, ele será internado amanhã para novos exames a fim de se chegar a um diagnóstico preciso. Mas os médicos já nos avisaram que é grave. E eu nem consigo (talvez não queira) gastar minhas sinapses nervosas para elencar doenças graves...

Se a lei Edward Murphy não faz o menor sentido, me explica o que foi 2010? Por favor.

(apesar de tudo) um beijo, abraço ou aperto de mão,
Babi

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Resposta

O jornalista Cosme Rímole, blogueiro do R7.com, publicou um post sobre meu queridíssimo Dario Conca.

É cada vez maior a especulação no mundo da bola nacional: o que fazer se o cara naturalizar-se brasileiro? Há lugar para ele na nossa seleção? O técnico Mano Menezes teria "peito" e sacaria quem do time para dar lugar a Conca? Nós brasileiros, que votamos nele para Craque do Brasileirão 2010, aceitaríamos de fato um argentino em nosso maior (se não único!) símbolo pátrio? Os argentinos reagiriam de que forma? Será que Conca está mesmo disposto a abrir mão da seleção de seu país? ETC ETC ETC.

A discussão, apesar de simplista, promete dar pano para a manga - como diria vovó - nesses meses exteeeeensos pós BR10 e pré Estaduais 2011.

Se a extensão do contrato com a FlUnimed é praticamente certa pelos próximos cinco anos - ele, fofo que só, disse que ficaria 20 anos no Flu se pudesse! -, é possível que Conca pleiteie sua cidadania brasileira (o que facilitaria tremendamente sua vida profissional) e não a naturalização. Há chances reais de que ele seja convocado em breve para Seleção Argentina;  bem como o Montillo, do Cruzeiro. Naturalizar-se minaria - e talvez irremediavelmente - esse processo de convocação.

Na falta de assuntos realmente quentes, entre uma fatia de peru e uma rabanada, o tema vai dividindo os cadernos e programas esportivos com as espetaculares-improváveis contratações para o próximo ano: Adriano e Ronaldinho Gaúcho.

Imagina o fervo, a vinda desses dois? *risos*

Segue meu comentário ao Cosme:



Olá, Cosme. Tudo bem?
Seu blog foi leitura diária para mim no BR-10 - às vezes, até mais de 1 vez por dia. Parabéns, gosto muito dos seus textos.
Se permite, acho que há uma divergência sobre a questão de Dario Conca. Nada nacionalista, imagina! Tampouco críticas a qualidade técnica do jogador - ainda mais que sou Tricolor. Mas, no caso dele, podem haver dois processos distintos: cidadania e naturalização. A primeira facilitaria largamente a vida do jogador, uma vez que facilitaria transações imobiliárias e financeiras e as relações de trabalho seriam desburocratizadas pela aquisição de direitos políticos, sem que isso implique tornar-se brasileiro.
Pelo que eu tenho entendido, o Conca deve renovar com o Fluminense por 5 anos. Certamente esse período pode ser melhor administrado se o jogador tornar-se um cidadão brasileiro. Apesar de acreditar que ele cumpre os requisitos para a naturalização (residência, laços afetivos com a comunidade, etc.); jogar na seleção argentina parece um desejo muito mais legítimo que o oba-oba após o tricampeonato. E olha que eu ficaria feliz de vê-lo jogando essa bola toda a nosso favor!
Um abraço.


Acho que o debate será mantido mais por falta de assunto, que qualquer outra coisa. O Conca  é um jogadoraço e eu enlouqueceria em vê-lo na nossa Seleção, mas uma possível naturalização talvez trouxesse mais problemas que solução.


beijo, abraço ou aperto de mão,
Babi

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Ele é o cara!

Quem me conhece sabe minha característica fundamental: meu mau-humor cotidiano. É uma loucura, que não tem hora, dia, nem motivo para aparecer. E pode ser que até pareça engraçado para quem não sofre com as minhas "patadas"...*risos*

Talvez por isso eu seja fã de comédias, um leitora de textos cômicos e uma consumidora voraz do trabalho de humoristas e atores que se dedicam a essa arte.

No momento eu tenho curtido muito o trabalho do Eduardo Sterblitch, quem eu acho simplesmente fantástico - ou fantástico com simplicidade. O vídeo abaixo dá uma mostrinha do quanto o cara é engraçado. Sem personagens.


A entrevista foi gigantesca, por isso os links dos demais trechos: Parte 2/4; Parte 3/4; Parte 4/4.

Por questões comerciais e contratuais, o Eduardo não comenta tampouco desempenha suas facetas hilárias do Programa "Pânico na TV". É ele quem dá vida aos personagens Freddie Mercury Prateado - ele não precisa abrir a boca para eu me escangalhar de rir!!! -, César Povilho, Malina Silva, Ursinho Gente Fina... etc. 

Sem contar a trajetória dele no stand up "Os Deznecessários".

Ele manda muito bem!

beijo, abraço ou aperto de mão,
Babi

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

EU VI

Pela primeira vez vejo meu time Campeão Brasileiro.

Infelizmente, desmandos, arbitrariedades, más gestões e o próprio sistema do futebol brasileiro, fizeram como que eu passasse uma vida inteira sem assistir a esse feito.

As glórias e as histórias do Fluminense, o Tricolor, eu só ouvi falar: Taça Olímpica (1949), Mundial Interclubes (1952), os Campeonatos Brasileiros de 1970 — a Taça de Prata, torneio dos mesmos moldes que deu origem ao Brasileiro no ano seguinte — e de 1984. Nelson Rodrigues confirmava todo o tempo, com suas frases eloqüentes, que o meu tricolor é enorme. Mas eu podia confirmar?

As trágicas quedas a Segunda e Terceira Divisões do futebol nacional e o ainda mais trágico retorno à Primeira Divisão (por debaixo dos panos, fora das quatro linhas) são lembranças marcantes. Porém, alimentaram a minha memória, o gol de barriga de Renato Gaúcho no Carioca (1995), alguns títulos estaduais e a conquista da Copa do Brasil, em 2007. A Libertadores de 2008, ufa!

Ao meu time não faltava amor, dedicação de seus torcedores, muito menos um mecenas —Dr. Celso Barros, Unimed-Rio. Faltava sorte. A tal sorte de campeão. Aquela que fez um time matematicamente rebaixado manter-se na Série A do Brasileirão em 2009.

Ah, era o Time de Guerreiros se consolidando. E me atrevo a dizer que, sim, o título de hoje começou a ser construído naquele jogo aflito com o Coritiba no final de 2009. A História do Tricolor ganhou um capítulo tão sofrido quando bonito no Engenhão, dando ao Estádio Municipal João Havelange o seu primeiro título nacional.

Tricampeão, o Fluminense coloriu os céus do país de verde, branco e grená e obrigou a todos a ouvirem o Hino mais bonito do mundo! 




"Eu vos digo que o melhor time é o Fluminense. 
E podem me dizer que os fatos provam o contrário,
que eu vos respondo: pior para os fatos"
Nelson Rodrigues